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Uma pequena história dos 25 anos de Aikido na UnB
Pronto. Foi-se mais uma casca! Essa sensação que ocorre quando sentimos que dominamos uma pequena parte de uma forma é o fundamental do aprendizado de artes marciais. Quem já descascou uma cebola, casca por casca, pode perceber a profundidade do ensinamento que Phil Sensei vem nos passando.
Não há como dominar uma arte num prazo curto, uma vez que
se trata principalmente de mudança de valores, mudança de
postura. Aceitar com humildade nossas limitações e alegrar-se
com gratidão, a cada conquista, isto é, a cada casca descascada,
faz parte do aprendizado de cada um de nós.
No início, nas primeiras cascas, temos que aprender as fundações
de um movimento, seja por um conhecimento maior do equilíbrio,
das posturas mais adequadas, da posição das mãos,
pés, quadris, enfim, de como executar bem esse movimento. A repetição,
com determinação e comprometimento em aprender é
o essencial nessa fase. É como uma criança que começa
a engatinhar, mas que depois precisa andar e correr. Depois, podemos executar
os movimentos com os companheiros, que estão no “tatami” ou no
“dojo”, para aprendermos juntos. Não se trata de uma luta, mas
sim aprender como se comportar numa simulação de confronto.
Precisamos descascar muitas cascas, até que possamos executar o
movimento em harmonia com o praticante que nos ajuda.
A posição de “uchidachi” e “shidachi”, assim chamados, vão
se invertendo, onde sempre quem simula um ataque, deve perder. O uchidachi,
é sempre o superior, que comanda o ataque e deve perder. O shidachi
é aquele subordinado, que treina para aprender a defesa ou o contra
ataque e deve vencer.
Para que o desenvolvimento ocorra, Shimizu Sensei desenvolveu uma série
de movimentos fundamentais, que podem se executados de forma só
ou em dois. Denominados de 12 Kihon, exercita várias partes do
ser, como habilidade corporal, concentração e respeito,
visando três objetivos: qual é o alvo, qual é a distância
e qual o sincronismo. Esses objetivos devem ser mantidos ao longo do processo
de aprendizagem.
Com domínio e conhecimento dos fundamentos e da fundação,
passo a passo, casca a casca, vai se aprofundando nas técnicas,
que é como construir um edifício, robusto e flexível
e, com o passar do tempo, preenchê-lo com emoções,
sentimentos, agradecimentos, respeitos e todos aqueles valores que devem
ser parte da sociedade e da humanidade. São as cascas mais profundas
que devem ser descascadas. Como Phil sensei comenta, temos nas mãos
uma jóia, um patrimônio da humanidade, que precisamos conhecer,
aprimorar e preservar. São infinitas as cascas da cebola, mas faz
parte do desenvolvimento humano enfrentar desafios e ir superando-os.
Não é mesmo?
Nelson Takayanagi – Brasília, 03 de março de 2014 - AIZENKAI
Aizen-kai.