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Uma pequena história dos 25 anos de Aikido na UnB

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Koryu, Educação, Finalidade e Identidade – Notas de Nossos Mestres

 

Nossa mestre com o mais elevado título em Shinto Muso Ryu Jodo – Arte Marcial conhecida como SMR -, a Menkyo Kaiden Nobuko Relnick Sensei, explicava que poucos entendem o conceito de “koryu”, literalmente composto por dois ideogramas: furui = “antigo, velho, passado, tradicional, obsoleto, antiquado” e ryu = utilizado em mais de 50 palavras compostas = “estilo, linhagem, forma, corrente, criação, transmissão, movimento”. Mas que o SMR, por ser uma Arte Marcial tradicional, era dessa forma (koryu) que deveria ser transmitida.


Nosso mestre em Aikido, 7º. Dan, Shihan Ichitami Shikanai Sensei dizia que “koryu” é uma forma de ensinamento, onde através da observação e reflexão, o praticante, ao longo do tempo, passa a dominar um movimento. Com isso, dependendo de cada pessoa, uma determinada forma padronizada pelos antigos mestres, é executada de diferentes maneiras, sendo que todas elas estão certas, função do corpo do praticante, da idade e do seu estágio de desenvolvimento.


Com isso, quando se pratica uma Arte Marcial, deve-se indagar para que se está esforçando para conhecê-la, dominá-la e fazer parte da sua vivência. Como então se educa numa arte marcial ? Shikanai Sensei observava que “koryu” é um estilo que nos permite viver melhor os dias atuais.


Essa reflexão nos leva ao ensinamento de Aristóteles, que dizia que podem existir dois fins quando se pretende agir: o fim como “poiésis” e o fim como “práxis”. Podemos entender que uma finalidade é a de dominar a técnica e, quando executamos bem uma forma estabelecida na arte marcial, então ela se torna nossa e não mais dependemos de quem nos ensinou. É como se tivéssemos terminado de construir um edifício e não precisamos mais do construtor. Atingiu-se um fim, este que pode ser entendido como “poésis”. Na maioria das pessoas, esse é o objetivo que se busca atingir.


Entretanto, uma outra finalidade é a de dominar os aspectos que fazem parte do nosso ser, o estado de tranquilidade do espírito, a mente limpa, o coração calmo, a empatia, a compreensão do outro com que praticamos, a compaixão que nos toma conta quando sentimos e compreendemos as dificuldades de superação de seres incompletos que somos; enfim, dos aspectos morais e éticos na execução das formas. Essa busca, que se atinge por etapas, numa evolução contínua e emocionante, também pode fazer parte dos objetivos de um praticante. É a busca da “práxis”, um fim que faz parte do desenvolvimento interior do praticante. Esse fim geralmente é incompleto, sempre podendo evoluir. É a ética do praticante, que necessita sempre dos ensinamentos.


Shikanai Sensei ensinava que o Aikido é uma grande casa onde todos podem viver como numa grande família, unidos na contemplação e na compreensão da natureza que nos cerca.


A escolha que fazemos do que é essencial para nossas vidas depende também da escolha daqueles que vão transmitir os ensinamentos. É através deles que os conhecimentos e sabedorias chegam a nós. Cabe a cada um de nós a capacidade de observar e escolher aqueles que, juntos, buscam uma identidade que permita encontrar os caminhos que nos levam a uma vida cada vez mais superior, desfrutando com gratidão nossa permanência aqui e neste momento, neste lugar. Estamos fazendo as escolhas certas?

 

Nelson Takayanagi – Brasília, 26/02/2014 – AIZENKAI


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aizenkai.